Arquivo: Danças de 2001

AS FESTAS NICOLINAS NÃO SÃO SÓ O PINHEIRO
Numa altura em que Guimarães se encontra no limiar da classificação de "Património da Humanidade" toma-se imperioso considerar como património não só as pedras, as mas, os largos, as sacadas, mas também a memória, as pessoas e as tradições. É sobre esta última faceta que vamos refletir e , em particular, naquilo a que se convencionou chamar 'Tradições Académicas" e que no caso específico Vimaranense são tradições Nicolinas.
A génese e história das Festas Nicolinas interessaram vários autores mas não é essa abordagem que nos traz aqui, mas sim qual o futuro destas manifestações ímpares em Portugal e que, em antiguidade só podem ser ombreadas, talvez, pela tradição Coimbrã. Urge consolidá-las, recuperar o seu espírito (é este o principal desafio) e permitir alargá-las a TODOS os Estudantes de Guimarães.
É preciso retomar o espírito Nicolino. recuperando velhas manifestações que caíram em desuso ou foram desvirtuadas, dando-lhes novo fôlego e deixar cair outras espúrias, algumas delas com poucos anos e que se podem afigurar a alguns espíritos como "muito antigas", o que às vezes não de todo verdadeiro.
Por circunstâncias históricas alguns dos números Nicolinos necessitaram da intervenção dos "Velhos" para que não terminassem e, quiçá, morressem as próprias Festas de S. Nicolau, sendo disso exemplo o Pinheiro e as Danças. Veja- se o Cortejo do Pinheiro onde milhares de pessoas imbuídas do mesmo espírito académico e fraterno acompanham o trajeto revivendo outros tempos e como que dando a sua permissão para que as Festas (dos Novos) se iniciem e decorram com elevação. É essa mais uma das características sui generis das nossas festas: o lugar á participação dos Velhos. Não conhecemos manifestações académicas no país que disso se possam orgulhar, mas, por outro lado é preciso alertar para o perigo da subversão do espírito...
No meu tempo de Liceu, ou melhor, da Escola Secundária Martins Sarmento (princípio dos anos 80) dizia-se erradamente (e na praxe o que se diz é lei...) que os estudantes da altura não podiam participar no Cortejo do Pinheiro, sob pena de ser castigados pelos "Velhos"! Extraordinário! Então, pensava eu na altura, sou estudante, as Festas são minhas e não posso participar num dos seus números? Este sentimento, vulgar junto dos meus colegas de então, em nada contribuía para o nosso empenhamento nas Festas. Não havia informação, divulgação ou transmissão capazes, era tudo algo secreto, misterioso e a mensagem que chegava aos Novos da altura era deformada e desvirtuada.
As Comissões de Festas, a quem devemos agradecer a manutenção da tradição, carregam sob os seus ombros a participação, por vezes exclusiva, nos vários "números" que constituem o programa. Ora as Festas são de todos e todos os Estudantes deveriam participar nelas, engrandecê-las. É necessário convencê-los que as Nicolinas não se reduzem ao Pinheiro. As Nicolinas são o Pregão, as Maçãzinhas, as Posses, as Roubalheiras, as Novenas, as Danças. Se o Pinheiro conta com milhares de Velhos e Novos, porque é que os outros "números" não contam milhares de novos também? Urge combater este desequilíbrio!
O Pinheiro engrandeceu-se (pelo menos em quantidade...) mas os outros números, embora com oscilações, não têm a qualidade, a participação, o interesse do população em geral de há décadas atrás...
Como recuperar as Nicolinas?
Recuperando os "Novos", os Estudantes, interessando-os.
Como enraizar as Nicolinas nos Estudantes Vimaranenses?
-Promover sessões de “esclarecimento”, ou melhor, conversam (que não sejam enfadonhas...) para que seja explicado o que são as Nicolinas (a grande maioria dos estudantes não faz a mínima ideia do que seja, resumindo-se a castigar violentamente as peles, as suas e as dos bombos e caixas... e, ainda, o próprio fígado...).
-Procurar junto dos Conselhos Executivos das Escolas que a disciplina de História contenha referências ao Património Vimaranense em geral e, em particular, às suas tradições académicas Nicolinas.
As "Tradições Académicas" não são estáticas nem se querem museológicas, qual Grupo Etnográfico ou Rancho Folclórico, mas têm uma matriz a respeitar senão passam ao domínio da reinvenção...
Custa ver Estudantes Vimaranenses trajados de calções e "collants", enfeitados de tricórnio (adereço cujas ressonâncias qualquer homem por vontade recusa...) e festejar um enterro de uma gata qualquer lá para os idos do Sameiro que de Guimarães já nada tem... Mas disso já falámos noutra vez e a isso voltaremos.
Por Guimarães e as Nicolinas sempre! E que não se reduzam ao Pinheiral.
Novas gerações, o futuro está nas vossas mãos!
Miguel Bastos
Dezembro de 2001

Abre o pano. Estamos no "atelier" de Zé Cuteleiro onde há várias estátuas em pedestais... Vê-se um grande painel com os dizeres:" Zé Cuteleiro - CUTELARIAS - ESCULTURAS".
Zé Cuteleiro trabalha um grande bloco de pedra (penedo...) nesse momento alguém bate à porta...

 

Texto e Letras - Miguel Bastos
                          F. Capela Miguel
                          Rolando Sampaio
                          Ricardo Gonçalves
Coreografia - Mikhail Kapelnikof
Cenografia - Michel Bastien
Sonoplastia e Luminotecnia - Carlos Cerca, Incorporated.
Ponto electrónico - F.LaChapelle
Guarda-roupa/Adereços- Associação da Marcha Gualteriana
                                        A.A.E.L.G./Velhos Nicolinos
                                        Dª Edite Pereira
Hardware - Cervejaria Martins,
Private orchestra - Os Trovadores do Cano
Realização - A.A.E.L.G./Velhos Nicolinos


Afonso - José Ribeiro
D. Muma - Tiago Oliveira
Truão - João Mesquita
Melão, o Camareiro - Francisco Ribeiro
S. Nicolau - José Maria Magalhães
Zé Culeleiro - Ricardo Gonçalves
Pimenta, o Presidente - Augusto Costa
Chula - Miguel Bastos
Moranguinho - Zé Almeida Fernandes
Pereirinha - Zé Almeida
Orchestra Nicholinica e demais Artistas
Jograis 
          Augusto Costa  
          António Teixeira  
          João Neves 
          Rolando Sampaio  
Pedro Nuno Sousa
Vasco Portugal
João Portugal
Filipe Vinagreiro
Armando Castro
José Gaspar Jordão
Rui Beirão
Pedro Bragança
António Teixeira
Pedro Fernandes
Vicente Salgado
Cândido Costa
Rolando Sampaio
João Neves
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