Arquivo: 4 de Dezembro

Com toda a certeza a mais antiga Tertúlia Nicolina.

Com data de fundação de 4 de Dezembro de 1947, reuniu-se até 1962 na “ Joaninha “ na já inexistente Rua de Alcobaça (Largo Condessa do Juncal). De 1963 até 1983 Na “Marisqueira” na Rua de Camões. 
De 1984 na “Adega do Quim” até ao seu encerramento em 2012.
Desde então no Restaurante Vira Bar.




Estávamos em mil novecentos e quarenta e sete, mais propriamente no primeiro dia do seu último mês. Como era costume faze-lo sempre nesta data, António Augusto Ribeiro da Silva, que na sua roda de amigos é conhecido por Augusto Ribeiro foi praticar o que naquela altura talvez fosse o seu desporto favorito, a caça. Tiros para ali, tiros para acolá, o certo é que daqui resultou um saldo de dez perdizes mortas. Nada mau para um caçador que se preze!
Agora só era preciso juntar “os do costume” ou seja, aqueles que estão sempre prontos para estes “sacrifícios”, entregando as vítimas a uma boa cozinheira e fazer as honras a tão saboroso pitéu. A escolhida foi a Joaninha, ao tempo muito apreciada pelos seus dotes culinários e respeitada como mulher de virtudes que espalhava simpatia a rodos e petiscos a granel confecionados na sua casa da já inexistente Rua de Alcobaça. Como entregar a matéria prima preparar e juntar alguns amigos ainda demorou algum tempo, só no dia quatro daquele mês de Dezembro foi possível satisfazer o apetite devorador característico daquela juventude de então que, “se bem me lembro” era composta por nomes bem conhecidos e que hoje, passados sessenta e um anos, obrigatório será recordá-los com saudade, pois que excetuando dois, Augusto Ribeiro e António Carvalho Jacinto, todos deixaram já o nosso convívio.
Entre um ou outro nome que faltará nesta lista por a memória não ser elástica, aqui vão não a sua totalidade mas quase… José Pinto Rodrigues, Eleutério Martins Fernandes, Francisco Ramos Martins Fernandes, Fernando Pereira Fernandes, António Alves Monteiro, Hélder Rocha, Alberto Saraiva e os tais outros dois acima citados que felizmente ainda por cá andam.
O prazer e vício de caçar de um e o insaciável apetite de outros fez com que aquela primeira comezaina se fosse repetindo ano após ano no mesmo sítio com quase os mesmos intervenientes, sendo apenas exceção a entrada de novos elementos quando já começava a aflorar a ideia de Tertúlia Nicolina. José Aristião Campos, Alexandre Rodrigues, Henrique Martins e Amadeu Carvalho foram os contemplados que vieram de certo modo enriquecer aquele grupo de amigos.
Assim se manteve esta situação até mil novecentos e sessenta e dois ano em que a Rua de Alcobaça desapareceu na voragem urbanística de então dando lugar a uma só praça hoje Largo Condessa do Juncal. Desalojados por isso da Joaninha, o pouso seguinte foi a Marisqueira que na época existia na Rua de Camões. Aí se foi ficando até mil novecentos e oitenta e três.
Sem motivo aparente processou-se outra mudança desta vez para a Adega do Quim à Rua Francisco Agra, onde em mil novecentos e oitenta e quatro se realizou o encontro desse ano, sendo que se mantém este uso e costume até aos dias de hoje.
Assim se foi andando, assim se foi reunindo, assim se foi confraternizando e assim se foi mantendo a tradição, aqui já com forte cariz Nicolino. Só que, em tudo há sempre um mas e aqui, não fugindo à regra, a lei natural das coisas foi fazendo os seus estragos resultando a que a diminuição dos circunstantes fosse uma realidade a encarar seriamente.
Medidas concretas foram tomadas com o acordo unânime de que haveria necessidade de renovação de comensais, agora já considerados elementos da Tertúlia Nicolina. António Alves Monteiro foi o encarregado de dar início àquelas medidas começando por convidar um, apenas um, que seria o primeiro a alterar o conservantismo que se vinha mantendo há anos. O escolhido foi José Luís Fernandes que em mil novecentos e noventa e nove esteve presente pela primeira vez. Condicionou no entanto esta sua presença com a condição de não ser considerado exceção, mas sim o primeiro de outros que se seguiriam. Assim aconteceu realmente e é nestas circunstâncias que no ano seguinte de dois mil aparece António Emílio Ribeiro, então juiz da Irmandade de S. Nicolau e José Maria Magalhães, ambos nicolinos de referência. 
Em dois mil e um assinalamos com agrado a presença de Meireles Graça, Emídio Guerreiro e Capela Miguel.
Talvez a pensar numa certa institucionalização da Tertúlia foram convidados em dois mil e dois Augusto Costa e Martins Faria, respetivamente Presidente da Direção e Presidente da Assembleia Geral de Associados dos Antigos Estudantes do Liceu de Guimarães – Velhos Nicolinos e também Francisco Pimenta pretextando-se a ocupação da vaga deixada por seu saudoso pai Francisco Ramos Martins Fernandes.
António Machado, José Ribeiro e Francisco Ribeiro vieram juntar-se a nós em dois mil e três tendo sido recebidos de bom grado, aliás merecido.
Em dois mil e quatro fomos parcos em aquisições tendo sido apenas registada a entrada de João Maria Ribeiro ao tempo Juiz da Irmandade de S. Nicolau.
Como soi dizer-se, que não há fome sem fartura, no ano dois mil e seis foi resolvido dar uma certa amplitude à já consolidada Tertúlia convidando para nela se integrarem de pleno direito alguns nicolinos amigos que muito prezamos e cuja presença foi aceite com satisfação; sendo eles Manuel Guimarães, Bernardino Jordão, José Gilberto Pereira, Jaime Sampaio, Raul Rocha e Carlos Machado.
E chegamos a dois mil e oito. Não vamos acabar o Historial da Tertúlia Quatro Dezembro sem pedir perdão aos Velhos Nicolinos aqui presentes, pela inclusão de um jovem no nosso convívio. Trata-se de José António Martins, novato na idade e nicolino ainda tenro, mas que me atrevi a trazer para junto de nós com a finalidade, não única mas principal, de com a sua presença homenagear com muita saudade a memória de seu bisavô António Faria Martins. Será apadrinhado como caloiro por seu avô José Aristião Campos. Seu tio avô José Luís Fernandes e seu padrinho de batismo José Maria Magalhães também são arguidos neste processo.
Está feito ao correr da pena o Historial da Tertúlia Nicolina Quatro Dezembro compreendido entre o período de mil novecentos e quarenta e sete a dois mil e oito.
Foram mencionados todos ou quase todos os que deram corpo e continuidade à Tertúlia que sabemos ser a mais antiga existente.
Sem vaidade mas orgulhosos por a ela pertencermos, respeitemos a memória daqueles que já nos deixaram e jamais esqueceremos. A solidariedade Nicolina a isso nos obriga.
Segue-se o nome de todos os que presentemente garantem a continuidade da nossa Tertúlia. São eles Augusto Ribeiro… José Aristião Campos… Amadeu Carvalho… José Luís Fernandes… António Emílio Ribeiro… José Maria Magalhães… Meireles Graça… Capela Miguel… Augusto Costa… Francisco Pimenta… José Ribeiro… Francisco Ribeiro… António Machado… João Maria Ribeiro… Manuel Guimarães… Bernardino Jordão… José Gilberto Pereira… Jaime Sampaio… Raul Rocha… Carlos Machado e José António Martins.

Guimarães, 4 de Dezembro de 2008




4 de Dezembro em 2010



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