Arquivo: Danças de 1906

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Horas alegres, queridas, 
D'este dia festival, 
Sois como as folhas cahidas 
Em noites de vendaval.

O' momentos de ventura,
Passaes depressa, passaes! 
Sois como as aves na altura 
Que vôam, não voltam mais...

Nossas canções, nossos cantos, 
Suaves, ternos, sentidos, 
Não são sorrisos - são prantos; 
Não são cantos - são gemidos.

São os prantos da Saudade, 
Gemidos d'intensa dôr; 
Pois nos foge a Mocidade 
Da vida a mais bella flôr.

N'estes transes doloridos, 
Senhoras, sêde fagueiras?... 
Se nós somos os doridos, 
Sêde vós as carpideiras.

Vossas lagrimas brilhantes 
São bellos, lindos aljofres; 
Os corações d'estudante? 
São escrinios, são os cofres.

Serão as jóias mais finas 
Com que a Briosa dotaes 
N'estas festas Nicolinas, 
Nas festas que vós amaes.
 
Senhoras, não nos espanta 
Que acheis triste este cantar. 
Quantas vezes a mãe canta 
Com vontade de chorar.


Em 1906, as danças de S.Nicolau afirmaram-se como o número mais brilhante das festas nicolinas. Foram representadas por um grupo de foliões que se intitulava Grande Companhia Académico-Cómica-Cântico-Dançante e que era dirigido por Fernando Chaves. Saíram às 15 horas, iniciando o seu percurso com exibições nas ruas e terminando em casas particulares.
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